Qual é a idade do petróleo?
A pesquisa da doutoranda Ana Clara Braga de Souza, da Universidade Federal do Ceará (UFC), revela insights profundos sobre a formação do petróleo na Bacia do Ceará. Publicada nas revistas Marine and Petroleum Geology e Journal of South American Earth Sciences, a tese foi apoiada por uma bolsa da CAPES e apresenta um modelo inovador para entender a evolução geológica da região.
A pesquisa de Souza, realizada no Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFC, explora a formação geológica e a origem do petróleo e gás na Bacia do Ceará. Ela identifica dois eventos oceânicos significativos no período Cretáceo e utiliza dados sísmicos e perfurações de poços fornecidos pela ANP para desenvolver seu modelo.
O petróleo é formado a partir de matéria orgânica transformada em hidrocarbonetos ao longo de milhões de anos, em ambientes com baixa oxigenação. Na Bacia do Ceará, essa formação está relacionada à separação dos continentes africano e sul-americano, que deu origem ao Oceano Atlântico. O processo geológico ocorreu em três fases principais: deposição de sedimentos continentais, transição para ambientes marinhos e abertura oceânica.
A pesquisa revelou a importância dos eventos anóxicos globais, períodos de baixa oxigenação nos oceanos, que foram cruciais para a formação das rochas geradoras de petróleo. Embora a Bacia do Ceará tenha sido explorada desde 1971 e esteja em fase de produção declinante, novas reservas podem ser descobertas em águas profundas da Margem Equatorial Brasileira e áreas vizinhas, como Suriname e Guiana.
Os resultados de Souza são específicos para a Bacia do Ceará, mas também têm implicações para outras bacias da Margem Equatorial. A pesquisa continua a avançar, com novas perfurações e análises prometendo mais descobertas sobre o processo de formação do petróleo.